Sim, sou um muro, não de pedra e cimento, mas de carne e osso.
Muro pixado. As pessoas sempre sabem tudo sobre mim, dizem que sou assim ou assado, que sabem o que sinto, que, ao me ver já sabem como eu estou. Às vezes acho que seria uma janela então, de tão transparente assim...
Muro das lamentações. Sentar ao meu lado e falar da vida, ah que coisa normal, e fala, fala, fala, sem se importar em ouvir, lamentam, reclamam, se dão a resposta e no final um tapinha nas costas para agradecer.
Muro para segurança. Quando se sentem sozinhas, algumas pessoas se aproximam para se protegerem nas minhas costas, me fazendo ser uma fora de as esconder, ops, proteger. Seria melhor ser escudo então.
Muro para apoiar. Simples, chegam e se apóiam, vem com a ideia pronta, “jogam” essa ideia na minha frente esperando “tá muito bom, faça” como se apóiam em um muro para conversar ou ver a vida passar.
Muro despedaçado. É praticamente assim que chego ao fim do dia, um muro sem pedaços, sem forças, sem animo, uma coisa que fora usada da forma mais incorreta possível.
Muro, parede, concreto, cimento, e eu não, eu sou feito de sangue, pele, sentimento. Muro que quebra e cai, muro que a vida atrai. Muro.